Peter, Heloisa and Auke cruising Westwards around the globe with s/v Mundinho

Our position is updated regularly. Click on Current Position (right side) to find out where we are.

18 December 2012 | Shelter Bay Panama
28 November 2012
19 August 2012 | Panama city BYC
14 August 2012 | 7 34.734'N:78 11.947'W, Bahia Pina, Panama
04 August 2012 | 1 48.992'N:78 43.717'W, Tumaco - Colombia
29 July 2012 | 8 24.0264'N:79 04.9178'W, Isla Pedro Gonzalez - Archipel Las Perlas
23 July 2012 | Panama city
21 July 2012 | Colon, Panama
17 July 2012 | Colon, Panama
10 July 2012 | 9 35.228'N:78 52.950'W, Chichime
29 June 2012 | 9 35.346'N:78 40.542'W, Kalugir Tupu and Banedup
26 June 2012 | 9 35.191'N:78 44.751'W, Miriadiadup
24 June 2012 | 9 35.231'N:78 52.839'W, Uchutupu Pippi
21 June 2012 | 9 32.722'N:78 53.754'W, Cay Limon
15 June 2012 | Colon Panama
13 June 2012 | Shelter BAy, Colon Panama
11 June 2012
08 June 2012
06 June 2012 | Shelter Bay, Colon Panama
04 June 2012 | Shelter Bay, Colon Panama

Dia 25 de dezembro

22 December 2011
Heloisa


Dia 25 de dezembro, eu e o Auke completaremos dois meses a bordo do Mundinho. Estamos bastante felizes por ter chegado até este ponto da viagem sem nenhum problema sério. Se alguém por curiosidade apertar o botão no mapa do nosso site, vai ter uma visão melhor do percursso que nós já fizemos. Uma distância bastante longa para velejadores experientes, o que dirá para nós que não temos experiência alguma. Estamos perfeitamente adaptados e temos nossa rotina diária bem definida, o que nos deixa bastante ocupados. Como disse, até aqui tudo bem.

Acabamos de deixar a Carolina do Sul. Estávamos numa cidadezinha chamada Wando, fazendo um mega reparo no barco. Não deve ser a terra do cantor pois não encontrei nenhuma calcinha por lá (kkk). Seguimos em direção às Bahamas, onde pretendemos passar o Natal. Nossos planos de viagem foram mudados. Para isso acontecer, temos que confiar que as condições climáticas serão favoráveis.

Eu gostaria de fazer uma comemoração de Natal bem especial pro meu filhote. Ele está ancioso pela visita do Papai Noel. Auke tem sido um surpresa para nós. O comportamente dele nos deixa bem tranquilos para prosseguir a viagem. Ele nada pede e nada reclama. Ele sente falta da escola, mas acho que isso é normal.

Estou escrevendo isso durante o meu turno noturno. Eu e o Peter alternamos o comando do Mundinho enquanto navegamos. Agora ele dorme. Dorme um sono merecido. Ele faz todo o possível para manter-nos confortáveis e seguros. O comando do Mundinho para mim ainda está limitado apenas ao controle do tráfego de embarcações , desviar de bóias sinalizadoras quando necessário e conferir o curso. Sobre o manejo das velas e a navegação propriamente dita, ainda estou bem longe de dominar o assunto. Eu chego lá um dia!

Eu particurlarmente gosto do turno noturno. Muito lindo ver o céu estrelado em dia de mar calmo. Pode-se ver até o reflexo das estrelas no mar. Um espetáculo paralelo! Outro dia, vi um clarão no horizonte e pensei burramente: " Dever ser um mega transatlântico"! Que nada! Era a lua, dando o ar de sua graça e mostrando todo o seu esplendor. Durante o turno da noite, tomo a liberdade de dançar com as estrelas. Lá estou eu dançando e cantando músicas do Justin Timberlake, Cássia Eller ou John Mayer, sozinha, sob o brilho das estrelas. Adoro! O Peter fica rindo de mim. O brilho da lua no mar é um espetáculo maravilhoso, mas as noites sem lua também tem o seu valor. Fica tudo tão escuro, que não é possível ver nada ao seu redor. Você consegue ouvir o mar, mas não pode vê-lo. Somos obrigados a ter as luzes de navegação acesas senão seria um breu total e um manto interminável de estrelas sobre a sua cabeça. Muito lindo! Se você acredita que as estrelas cadentes realizam desejos então pode ficar preparado para fazer zilhões de pedidos. Eu sempre faço os meus, " just in case" . A parte que eu não gosto do turno noturno é o frio. Quem gosta de sentir frio é esquimó e pinguim! Eu sou do Rio de Janeiro! O frio faz doer os ossos e faz você desejar uma cama quentinha mais do que qualquer outra coisa. Ossos congelados do ofício. Então ele chega bem tímido, mostrando o outro lado da cena. Aquilo que estava escondido. Lá vem o sol. E eu digo, "Tá tudo bem".

O mar é imenso...

22 December 2011
Heloisa


O mar é imenso... Imensa também é a saudade dos amigos e da família.
Procuro não pensar muito... Melhor assim.

Estamos bastante ocupados sempre, principalmente aqui no estaleiro, onde nossas necessidades não podem ser completamente satisfeitas. O barco, uma completa bagunça, zona e caos, tudo junto. Estamos isolados numa cidadezinha chamada Wando. Nada por perto. Fazer o quê... Faz parte desse processo. Imprevistos acontecem. Agora só nos resta é esperar o barco ficar pronto... Esperar pelo divertimento. Até agora só tivemos um gostinho. Gostinho de quero mais... Estamos ansiosos para começar a desfrutar desse passeio.

Planejamos tanto e agora nem mesmo vamos aos lugares que havíamos priorizado. Tudo bem, eu adoro mudanças. Acabo por acreditar que planejamento não é mais importante. Importante é ter bom senso e a capacidade de aceitar com bom humor e resignação os imprevistos.
Bahamas será nosso primeiro destino no Caribe. Isso já está resolvido, pelo menos. Se tudo der certo, passaremos a noite de Natal ancorado por lá. Há um grande festival em Nassau nesta época do ano, com música e mascarados pelas ruas. Deve ser bem interessante...

Vai ser difícil pensar que não vou poder comer as comidas deliciosas que a Família Louzada prepara no Natal. Isso eu vou deixar para a minha imaginação resolver. Vou ter que ser bastante criativa na hora de preparar a nossa primeira ceia de Natal no barco. Gostaria de fazer algo especial para marcar a data, mas provavelmente vai rolar uma lasanha ou um camarão, se eu conseguir comprar. Vou tentar fazer rabanadas, pelo menos, ou algo que lembre o Natal no Brasil. O Mundinho tem um fogão bem pequeno, com apenas duas bocas e um forno que parece de brinquedo. Fazer o quê também...

Hoje é dia 8 de dezembro e ainda não temos certeza da data em que deixaremos Wando. Será uma pequena corrida contra o tempo para tentar chegar ao nosso destino antes da noite de Natal. Não porque a data seja importante para mim, mas seria muito importante para o Auke. Eu gostaria de ter algum tipo de tradição preservada para a minha própria família. Se dependesse de mim, velejaríamos sem pressa. Quando chegarmos, faríamos a nossa noite de Natal sem olhar para o calendário. Acontece que eu comprei um calendário bem bacaninha, onde o Auke pode contar os dias que faltam para o Natal. Todos os dias ele muda a data. Também, o Capitão não está feliz com a minha ideia de ficar na costa norte-americana até a noite de Natal. Que seja com for...

Natal com Família Louzada... Quantas saudades! Saudades principalmente do tempo em que o Seu Lolo, meu pai, estava entre nós e minha querida mãe, Dona Ignêz, ainda podia expressar seus extraordinários dotes culinários com extravagância. Era uma festa memorável. Melhor ainda era o dia seguinte. Comida até explodir!!!! Também, uma família com a dimensão da minha, mesmo com comida ruim, qualquer festa fica animada. Difícil não lembrar essas histórias sem deixar os olhos turvos. Bons tempos!
Neste fim-de-semana iremos ver uma parada de Natal bem no estilo americano, aqui na Carolina do Sul, depois jantar com amigos.
Talvez essa seja uma das últimas oportunidades que terei para desejar um Feliz Natal todos, pois logo ficaremos sem conexão com a web. Então aproveito para deixar meus, ou melhor, nossos votos de felicidades e paz para todos. Comam bastante peru, farofa e rabanadas por mim. Se bem que peru e posso contar com o do Capitão...kkkk
Feliz Natal!

Tripulação completa!

02 November 2011
Heloisa
Chegamos!!!! A tripulação do Mundinho está completa!!!

Peter, o Capitão, do barco e de nossos novos rumos. O amor que eu escolhi para a vida toda. Ele faz o impossível para manter-nos confortáveis e seguros.

Eu, bem, como todos nós, acumulamos funções. Sou o imediato e aprendiz, a cozinheira e a professora, e, certamente, não farei comentários de mim mesma.

Auke, o capitãozinho de nossas vidas, amor completo e repleto, parece o mais ajustado à nova vida.

E Deus, sempre conosco. Parte indispensável da tripulação.

Foi extremamente difícil chegar até aqui. Não quero e não tentarei enumerar as coisas que tivemos que fazer para chegar a esse ponto. Seria uma lista extensa, repleta de coisas aborrecidas e complicadas de fazer. Ninguém está interessado nisso. Já fazem parte do nosso passado. Do passado que ninguém gosta de recordar. É muito difícil apagar os vestígios de sua vida material. Estamos extremamente atrelados a essas coisas, como pagar contas, bancos, cartões de crédito, carro, casa. Está sendo um grande e positivo exercício se desligar dessas coisas. Ainda nem conseguimos nos livrar de tudo. Ainda uma meta a ser cumprida.

Peter, o capitão de nossos novos rumos, como eu havia dito, não é realmente o responsável por mais uma mudança radical em minha vida. Apesar de que é o que a maioria das pessoas pensam. Eu sou chegada a esses extremos.
Quando eu tinha meus vinte e pouquinhos anos, depois de completar meu curso de graduação em Pedagogia na UFF, resolvi que não era isso que eu queria como profissão. Ingressei, então, em uma nova carreira. Bem distinta da outra. Fui fazer Nutrição na mesma UFF.
Depois de formada, larguei temporariamente o meu emprego estável e seguro de servidor público federal, coisa que todo mundo batalha pra conseguir, e fui aventurar-me momo nutricionista em uma plataforma de petróleo. Tinha que usar botas pesadas, capacete, voar de helicóptero, fazer treinamento de combate a incêndio, e outras coisas desse tipo. Um universo extremamente diferente da rotina do serviço público. Eu adorei fazer isso por um tempo.

Lá encontrei o meu capitão... No meio do mar...
Destino é destino...

Casei-me com um homem estrangeiro (o capitão), cuja nacionalidade era ancestral. Holanda, terra da minha trisavó materna, de onde herdamos o nome Devolder. Mudança radical em minha vida... Aprender e respeitar as diferenças culturais, um exercício diário. Sem contar com os problemas de comunicação. Lá se vão 12 anos de união feliz. O destino trouxe o amor pelo mar... No mar nos encontramos... No mar estamos.

O destino também nos fez morar num país estrangeiro (EUA). Mais uma nova experiência radical. Se bem que o fato de viver com um homem estrangeiro contribuiu muito para este novo desafio. Nesse país estrangeiro nasceu aquele que mudaria minha vida para sempre. Auke, o amor da minha vida. A sensação que eu tenho é que depois do nascimento dele a pessoa que eu era deixou de existir. Na verdade, não houve transformação alguma. Houve renovação. Eu não sou mais a mesma pessoa. Eu tenho a mesma impressão digital, RG e CPF. Mas eu deixei de ser eu. Eu sou nós. Não sei mais ser um individuo. Eu sou um ser humano melhor. Renovado. Quem tem filhos sabe exatamente do que eu estou falando.

Auke tem sido extraordinário. É um prazer e uma honra ser a mãe dele.
Como pais, às vezes fazemos escolhas que afetam radicalmente a vida dos filhos e com certeza seremos julgados por isso. Espero que um dia o Auke entenda que nossa escolha não foi egoísta. Que nós não impusemos a nossa vontade. Espero que ele entenda que nós escolhemos mostrar para ele o mundo sob um paradigma diferente e que ele reconheça que fizemos uma boa escolha.

Mais mudanças pela frente... Depois que ele nasceu, regressamos ao Brasil... Novos endereços... Novo município... Novos empregos... Novos amigos... Nova vida. Novamente... Ao estrangeiro.
"Pedra que muito se muda não cria limo...", dizia a canção popular.
Não quero que a minha vida crie limo. Não acho errado e nem estou criticando quem deixa o limo criar. Apenas não é para mim. Não é para a minha família. Estamos felizes assim. Se tivermos que tomar banho frio ao relento. Se tivermos que caminhar alguns quilômetros, com as mochilas nas costas, para fazer um passeio ou simplesmente lavar a roupa ou comprar comida. Se tivermos que carregar água em latões para beber e cozinhar. Se tivermos que dormir com a cama sacolejando, ouvindo os ruídos do vento e do mar. Vamos fazê-lo, sem hesitar. Estamos adorando!
Enquanto escrevo este artigo, vejo meu marido construindo brinquedos com Lego, junto com o Auke, inventando histórias mirabolantes. Quantos de vocês não gostariam de ter essa oportunidade de ver o filho crescer diante dos seus olhos. Talvez um dia volte a ter uma vida dita "normal", assim como sonham minha família e amigos.
Mas destino é destino.

A novice

03 July 2011 | TX, USA
Heloisa
"Mas o que eu mais queria... Era provar pra todo o mundo que eu nao precisava provar nada pra ninguem..."
Sometimes we find ourselves dreaming "what if..." I am sure everybody does. "What if..." this and that, my everyday dilemma!
I am a dreamer not a doer.
What if we buy a boat? I asked Peter once. Yes, I really did ask him! Buying a boat was my idea not his, as everybody thinks. After our trip to Chile in 2002, which I enjoyed so much, driving our Land Rover Defender more than 7.000 km accross several contries in South America, we decided that time to do more of that. What if we buy a big truck and drive from Rio to China? Peter suggested. It was a very nice idea I have to say, but I found driving itself so boring that I didn't want to do that again. But I liked the idea so much to travel around the globe with your "home" in the back trunk.
What if we buy a boat? I suggested. At least if we don`t like our neighbor we can move our house to another place. I guess I didn`t need to put so much pressure on Peter. Here we are!

Buying "the boat" was way more complicated than I thought. This subject requires another time to describe. We found "the boat" in Holland. Our dream boat... or, better saying, the one we could afford to buy. The place we like to be and where we feel in peace. Our Mundinho (little world in Portuguese). But the everyday dilemma "What if..." was always in our minds.
What if we spend some time traveling? Peter asked.
What? That was my answer.
What if we spend some time without working and traveling around? Peter again.
What? How?
What if we spend some time without working and traveling around the globe and home schooling Auke?
What? How? When?
My everyday dilemma "what if..." was killing me.
Long nights... restless sleeping.
Decision made... Big decision I have to say.
Money... Career... Family and friends... House... Fear... OMG! What about my shoes? Better saying, no more new shoes. There is no life without a new pair of high heels.
What about space? No more large rooms... etc.
Giving up my shoes collections was hard for me to accept.
I guess I have to color my hair more often now.
"What if..." became - Why not?
Why not? It is my everyday mantra now. Why not do it?
Why not spend some time without working and traveling around the globe and home schooling Auke?
And you can ask me - Why a person without sailing experience is willing to do something unknown and unusual?
The answer is: - Why not?
I don`t want to spend my life dreaming: "What if..."
Why not taking a chance to have new experiences every day?
Why not taking a chance to do something great that has a tremendous impact in our life forever?
How many families have a chance to do it?
What can go wrong???
If the things do not go the way we are planning... "What if we just go home?"
You see, there is no reason for us not to do it and too many reasons to just do it.

Fim-de-Semana na Baia de Galveston

05 June 2011
Heloisa
Semana passada fomos velejar. O objetivo era testar a nova vela principal que acabamos de comprar. O Mundinho é um veleiro Ketch, ou seja, possui dois mastros e três velas.

A previsão era passar uma noite ancorados em algum lugar da Baia de Galveston. O vento estava tão forte naquele dia. Seguimos apenas com o motor e ancoramos perto do Houston Yacht Club.

Esta foi a segunda vez que passamos noites ancorados na Baia de Galveston. A primeira vez foi num feriado de Thanks Giving, dois anos passados. Um frio do c... A temperatura estava na média dos 5 graus. Apesar do frio, foi um feriado maravilhoso. Ficamos enroscadinhos, lendo, brincando, tomado café, ouvindo boa música e vendo golfinhos. Frio é bom para velejar.

Weekend at anchor

O problema aqui da Baia é a paisagem ou a falta dela. A Baia é muito extensa e está localizada bem na zona portuária e industrial daqui de Houston. O porto de Houston é talvez o porto mais importante dos Estados Unidos. O visão de enormes guindastes, plataformas de petróleo enferrujadas, navios cargueiros e freeways não é a mais interessante do mundo. Além disso, a profundidade fica em torno de 2 metros, o que nos obriga a velejar dentro de bóias, não permitindo explorar outros cantos. Nosso barco tem quilha retrátil, mas há muito entulho naufragado na Baia por causa do furacão Ike que não aparecem em cartas náuticas. Isso é outra história que não cabe contar agora. Aliás, a temporada dos furacões acaba de de comecar e vai, oficialmente, até o fim de novembro. Nossa partida está prevista para o fim de outubro.

Naquele dia, ancoramos bem em frente do Moody Gardens e do HomeDepot. Cenário de cartão postal!

Dessa vez não foi muito diferente... Podíamos ver enormes guindastes e o fluxo de cargueiros. Lindo!!! Talvez seja este o motivo principal pelo qual não temos tanto interesse em velejar por aqui. Uma voltinha, de vez em quando, para matar a vontade e voltamos logo para a marina.

O vento aumentou bastante sábado à noite, mais um motivo para permanecer-mos ancorados. No dia seguinte, o vento continuava ainda mais forte e decidimos ficar mais uma noite. Não havia pressa. O vento só baixou na madrugada de terça-feira. O barco chacoalhava como uma coqueteleira. A idéia era passar apenas uma noite e acabamos por ficar três noites.



No sábado, dia em que chegamos à marina, fiz uma pequena limpeza nos amários e retirei boa parte dos suprimentos que eu havia estocado no barco. Muitos estavam com o prazo de validade quase vencendo e outros eu sabia que não iríamos consumir. Coloquei tudo dentro do carro. Zarpamos por volta das cinco da tarde, quando o sol estava mais baixo.

O calor aqui no Texas é vulcânico. Para você ter uma idéia, são 9.30 da mahã e está fazendo 31 graus lá fora agora. Sem nenhum ventinho para ajudar.

Eu sempre fui muito exagerada na hora de suprir o barco com alimentos, especialmente para o Auke. Inconscientemente, acho que eu tentava suprir com comida algo que ele poderia estar sentindo falta, pelo fato de não estarmos no conforto de casa. Bom, isso mudou bastante. Eu agora sou bem mais enxuta. Trago bem menos comida, para evitar ter que jogar um monte fora. Dessa vez a comida foi pouca. Não estava previsto passar mais do que uma noite ancorados. A bebida foi a primeira coisa que acabou. Tinhamos água, é claro, mas não mais sucos ou leite. O cereal que o Auke tanto gosta também acabou. O pão mofou por causa do calor e umidade. Macarrão, sopa e burgers de feijão foram os pratos que consumimos. Não tinha nada gostozinho pra beliscar... uma frutinha...um chocolate... perrier...Nada!


Pudemos testar a performance dos novos painéis solares que instalamos recentemente, no que diz respeito à recarga da bateria e do consumo de energia do novo refrigerador, juntamente com outros equipamentos, como laptops, etc. Concluímos que gastamos mais energia do que produzimos. Sempre haverá necessidade de ligar o motor para carregar a bateria.

O calor durante o dia torna tudo mais desconfortável. Você evita ficar do lado de fora por causa do sol. Passar filtro solar é uma desgraça!!! Você fica suando e colando. Peter instalou um chuveiro no cockpit que é uma maravilha!!! Alivia o calor. O Mundinho foi construido na Holanda, onde não faz calor. O nosso barco é bastante ventilado em relação aos outros veleiros que conhecemos. Eu sou brasileira, estou acostumada com o calor. Mas eu vivo no conforto dos Estados Unidos. Casas enormes, com ar-condicionado central. Em todos os lugares que você vai o ar-condicionado é fortissimo. Então você sempre sofre aquele choque de temperatura, o que faz com que você fique mais sensível ao calor. Também, o corpo da gente se acostuma fácil ao conforto.

Se você perguntar: é confortável a vida à bordo? Eu responderia imediatamente: NÃO!!! Não, não é nem um pouco confortável. Na hora de dormir é sempre mais fresco, mais é muito barulhento. O mar faz muito barulho, somado ao barulho do vento, somado ao barulho de coisas batendo, somado ao barulho da madeira quando você pisa... Mas você se acostuma. E passa a gostar. Minha mãe mora na Pereira da Silva com a Gavião Peixoto, quer barulho maior do que esse?

Mesmo assim, eu adoro passar meu tempo à bordo. Eu leio mais, conversamos mais... fazemos coisas que não fazemos normalmente. Ficamos mais calmos. Você se exercita menos... mas exercita muito mais a sua paciência. Você aprende que o respeito ao outro é muito importante. Você aprende a conviver.

"Dizem que sou louca... mas louco é quem me diz que não é feliz... não é feliz".



Por fim, a comida foi suficiente e voltamos à marina na manhã de terça-feira, depois do feriado do Memorial Day (perdi as liquidações fantásticas!!!). Peter ainda foi trabalhar naquele dia.

Porque estou descrevendo tudo isso? Em primeiro lugar, tenho tanto, tanto para aprender. Tantas e tantas coisas para prestar atenção. Tenho tanto, tanto a fazer. Menos, menos que me preocupar com o Auke. Meu menino é uma caixinha de surpresas. Acho que o DNA ancestral viking que ele herdou parece ajudar na hora certa. Ele parece o mais adptado a tudo. Nada reclama. Nada pede. Filho maravilhoso. Pedaço de céu.

A minha experiência náutica não vai muito além das minhas viagens na barca Niterói-Rio.

Tenho que prestar atenção às condições do tempo e nunca subestimar a natureza. Tenho que fazer sempre um bom planejamento dos suprimentos, mesmo que seja para um pequeno passeio. Os imprevisto sempre acontecerão. Ser mais autossuficiente e ler mais e mais e aprender mais e mais... Foi um excelente treinamento.
Vessel Name: Mundinho
Vessel Make/Model: Koopmans 42 - Ketch - Alu Centerboard
Hailing Port: Harlingen - Holland
Crew: Peter, Heloisa and Auke
About: We are a family of three, a rather international get together with myself being Dutch, my lovely wife being Brazilian and our 7 year old son who carries a Dutch and Brazilian citizenship
Extra: You can follow us here during our two year sailing trip that will take us together via the Caribbean and the Islands in the Pacific to New Zealand. Beyond that I will take Mundinho to Europe solo.
Home Page: www.sv-mundinho.com

Family of three travelling West Bound (slowly)

Who: Peter, Heloisa and Auke
Port: Harlingen - Holland
Peter and Heloisa and their 7 year old son Auke are traveling with their sailing vessel a Koopmans 42. On this blog you can find updates regularly posted of their preparation and trip itself. Feel free to leave a message or raise a question if you have any for Peter and Heloisa.
A family of three cruising with Mundinho around the globe